Construção da Avenida dos Descobrimentos
Aspecto das obras de construção da Avenida dos Descobrimentos (1958-1960). Fotografia Borlinha para Comissão Municipal de Turismo.
Integrados nas comemorações do 5º centenário da morte do Infante D. Henrique, o Estado Novo executou alguns projectos de referência destacando-se, em Lisboa, a reconstrução do Padrão dos Descobrimentos – o desenho original de Cottinelli Telmo erguido em 1940 numa estrutura provisória é, então, executado em betão e cantaria.
Mas é em Lagos e Sagres que a obra maior é executada. Em Lagos a frente ribeirinha é profundamente alterada com a construção de uma avenida marginal; a demolição do casario da Ribeira permitindo a exposição das muralhas, agora “embelezadas” com ameias e seteiras e dois arcos na Porta de S. Gonçalo; a demolição das ruínas do revelim; a implantação de um espaço ajardinado; a adição de guaritas no Forte Ponta da Bandeira (como terá possuído originalmente e até 1790); e a ampliação da Praça da República que recebe uma estátua ao Infante D. Henrique.
Mas se por um lado a cidade ganha essa proeminente moldura que é a novel avenida marginal, por outro lado «[…] sofre grande transformação ao ser forçadamente introduzida […] a Avenida dos Descobrimentos – que teve como consequência imediata o desaparecimento das primitivas relações da cidade com o mar […]» (Paula, 1992). O espírito da comemoração, uma exaltação à lusofonia e à memória do império cinzelada na pedra, encontra cabal interpretação nestas palavras: «Era um tempo em que, num país com elevada taxa de analfabetismo, a História se divulgava com os edifícios e monumentos da nação […]» (Parreira, 2008).
Fontes Citadas:
- PAULA, Rui – Lagos Evolução Urbana e Património. C. M. Lagos 1992, pág. 119.
- PARREIRA, Rui – A Propósito dos Recintos Amuralhados de Lagos, in “Muralhas de Lagos – Reedição fac-similada do Boletim nº 104 (1961) da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais”. C. M. Lagos 2008, pág. 9.