Presépio tradicional do Algarve
Detalhes Técnicos:
f/3.2 - 10/400s - ISO 160
Tradição de várias culturas, o presépio natalício – que varia em tamanho, nos motivos decorativos e nalgumas figuras que integra –, é uma referência cristã que remete para o nascimento de Jesus numa gruta de Belém. Um dos primeiros presépios do mundo terá sido construído em argila, por São Francisco de Assis, em 1223.
Em Portugal, há notícia de um presépio no Mosteiro do Salvador da Cidade de Lisboa, antes de 1450, e de outro em 1558 encomendado pela irmandade dos Livreiros de Lisboa para a Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai.
Entre nós, o presépio tradicional apresenta reminiscências das festividades ligadas aos ciclos da natureza. Os preparativos do Natal algarvio começam no início de Dezembro, com o “deitar das searinhas”. Em pequenos pratos ou tigelas de barro, deitam-se à terra sementes de trigo, cevada, lentilhas, ou outro cereal. Até à consoada, irão despontando, viçosos, os rebentos que depois se usarão como ornamento do presépio.
Nove dias antes do Natal, prepara-se a casa para armar o presépio ou o Trono do Menino. Sobre uma cómoda coloca-se um pequeno altar em escadaria piramidal coberto com um lençol ou toalhas de linho, com as mais lindas rendas pendendo, figurando um altar-mor de igreja. O trono é flanqueado com jarras com verdura, como a murta e o loureiro, o alecrim, a aroeira ou a nespereira. Uma característica, muito peculiar do Barrocal, é ornamentar o trono com laranjas. Ao lado do presépio colocam-se também cachos de laranjas dependurados na parede. Uma lamparina (copo com azeite e pavio de linho) era colocada num pratinho, à frente do Menino.
Depois das festas era costume colocar as searinhas no campo para crescerem. Mais tarde, o grão recolhido, dessas searinhas abençoadas pelo Menino, era usado em mezinhas caseiras.