Igreja de S. Sebastião
Classificada como Monumento Nacional desde 1924, é o edifício religioso de maior impacto visual em toda a cidade. Situa-se no local da anterior Ermida de N. Sra. da Conceição, edificada em 1325 e que no século XV era já Sede de Freguesia. A partir de 1463 a Ermida foi ampliada sob o patrocínio do Bispo do Algarve D. João de Mello, vindo a ser transformada em Igreja em 1490, altura em que mudou de orago, passando a ser dedicada a São Sebastião, na crença que este santo ajudaria a combater os surtos de cólera que assolavam frequentemente esta região. Apresenta um portal axial de estilo Renascentista e uma porta lateral referenciada como sendo um dos primeiros sinais da Renascença no Algarve, tendo esta sido a entrada principal da anterior ermida. O interior é formado por três naves, separadas por colunas dóricas com capitéis parcialmente jónicos e arcadas de volta perfeita que terminam em cabeceira tripartida entre o altar-mor e duas capelas laterais que apresentam belíssimos exemplares de talha dourada. Por abarcar um longo período de construção compreendido entre os séculos XV e XVIII, a que se juntam pelo menos, três reedificações parciais resultantes de catástrofes, entre as quais, os terramotos de 1755 e 1969, a Igreja de São Sebastião chega aos dias de hoje como um edifício eclético, onde o convívio de várias tendências estilísticas é permanente e desafiante. Tem um importante conjunto de pinturas do século XVI e estatuária maioritariamente do século XVIII. Em anexo encontra-se uma das três Capelas de Ossos existentes no Algarve, constituindo-se assim num exemplar raro na região e escasso no país.
« (…) A primitiva construção deverá datar do século XIV, no âmbito do extraordinário crescimento da urbe nos séculos da Baixa Idade Média. Mais tarde, já na segunda metade do século XV, consta que o bispo D. João de Mello patrocinou a edificação de uma capela, que ficou, a partir de então, a servir de capela-mor à anterior igreja gótica, tendo esta, por sua vez, mudado de orago: de Nossa Senhora da Conceição para São Sebastião.
A construção que hoje podemos observar é substancialmente diferente da que a Idade Média aqui ergueu. Ela representa um dos mais interessantes e relevantes exemplos da arte quinhentista na província do Algarve. José Eduardo Horta Correia referiu-se ao seu portal lateral (o mais decorado) como um dos primeiros testemunhos do Renascimento algarvio, não apenas em decoração, mas também em proporção, o que revela um certo eruditismo e um perfeito conhecimento dos cânones clássicos, por parte do arquitecto. É, em todo o caso, uma obra onde ainda se podem detectar alguns sinais de transição artística, conforme este autor sustenta, ao referir as figuras das cantoneiras do portal, "tipologicamente renascentistas, mas executadas por mãos manuelinas" (CORREIA, 1987, p.31).
(…)
No termo da campanha, a fachada principal foi já concluída sob o signo do Maneirismo, assim como grande parte do interior. O portal axial, por exemplo, é já bastante diferente do da entrada lateral Sul, apresentando uma decoração muito contida, limitada a um rigoroso geometrismo das formas, como as colunas caneladas que delimitam a estrutura, ou os capitéis jónicos. Ao contrário do que anos antes se havia feito no portal lateral, não existe, na entrada principal, qualquer escultura figurativa, sinal claro de um outro tempo artístico.
Infelizmente, a campanha maneirista do interior foi amplamente sacrificada nos séculos seguintes. Do retábulo-mor primitivo, executado por volta de 1570-1580, conhecem-se quatro tábuas, atribuíveis a um dos mais importantes pintores algarvios do século XVI: Álvaro Dias (SERRÃO, 1992, p.853)»
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