Ponte Dona Maria
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Ponte D. Maria I
Foto de: António Crisógono dos Santos / Domínio Público
Ponte Dona Maria, exemplar circulado com carimbo de correio de 1913.
Ponte lançada sobre doze arcos de meio ponto, de vãos desiguais, em alvenaria de tijolo rebocada e caiada, apoiados por talhamares piramidais a jusante e montante, com tabuleiro de nível, gradeado em ferro. Pavimentada por alcatrão com duas fileiras de trânsito atravessando a Ribeira de Bensafrim. Algumas fontes indicam que, primitivamente, terá tido 13 arcos.
Séc. III-IV - construção da ponte
1618 - obras de conservação
1755 - arruinada pelo terramoto de 1 de novembro
1805 - destruídos três arcos em virtude das cheias de novembro desse ano
1807 - conclusão das reparações
1958/1960 - construção do actual tabuleiro assente em 12 arcos
«Um alvará de 28 de novembro de 1618 ordenou que se concertasse a ponte de Lagos, dando a Matheus de Carvalho, e outros, os 80:000 cruzados porque lhes havia sido arrematado o concerto.
Novamente arruinada esta ponte, foi concertada pela camara de Lagos em 1749, e porque lhe custara o concerto; pediu a S. Magestade lhe concedesse os acréscimos de 600 réis d’imposto por cada pipa de vinho atavernado, para se indemnizar, um pouco, das despezas feitas.
A câmara, sciente dos perigos na passagem do rio, devido a ter sido destruída a ponte pelo terramoto do primeiro de Novembro de 1755, dos desastres já dados, da difficuldade na passagem pelo Paul por causa das cheias e por terem as mesmas destruído todos os pontos de communicação com a cidade, deliberou, em sessão de 24 de Novembro de 1756, que fosse construída uma barca para passagem de gente e de cavalgaduras, junto ao logar onde existira a ponte.
Em sessão de 11 de Setembro de 1783 a câmara, ouvida a nobreza e o povo e fundando-se em que a ponte destruída pelo terramoto fora edificada á custa de todas as camaras do Alemtejo e do Algarve, que, depois do terramoto tinham as referidas camaras concordado em concorrer para a construcção de nova ponte e que ella fosse de arcos d’alvenaria, não se tendo levado a effeito a obra por ter morrido o individuo a que tinha sido adjudicada por vinte e tantos mil cruzados, e ter desapparecido, por algum tempo, a planta respectiva, deliberou que para essa construcção concorressem, por derrama, todos os habitantes do termo de Lagos e todos os do reino do Algarve e província do Alemtejo. Esta deliberação foi, pelo menos em parte, superiormente approvada, pois em sessão municipal de Lagos, de 10 de Maio de 1784, foi presente uma ordem regia, enviada por intermédio do capitão general do reino do Algarve, conde de Rezende, para que a ponte fosse feita, concorrendo para essa obra as seguintes câmaras: Câmara d’Albufeira, 400$000 reis; Câmara de Villa do Bispo com (não se percebe a quantia); Câmara de Lagos 900$000 reis e mais 80$000 reis que dera para um relógio que não veio e além d’isto a divida que a câmara tinha a receber proveniente do aluguer da barca. As outras câmaras do Algarve, acima mencionadas, concorreram com 800$000 reis.
Na ponte existe uma lapide com a seguinte inscripção: “D. Maria Primeira Rainha de Portugal e Algarves, etc.. Por ordem de S. Magestade, á custa da sua real fazenda, por solicitação do Ex.mo conde de Val de Rei governador deste reino se mandou acabar esta ponte ou arcada que se havia construído no antecedente governo do Ill.mo e Ex.mo Conde de Rezende e sendo governador e capitão general o Ill.mo Ex.mo Sr. Monteiro Mor se continuou para acabar em 1796.”
Parece do que fica exposto que a ponte foi concluída a expensas da real fazenda mas o que é verdade é que a câmara de Lagos, em sessão de 12 de Março de 1794, deliberara que se fornecessem todos os materiaes necessários para a conclusão da referida ponte, como ordenara o conde de Val de Rei.
Lazaro Moreita Landeiro Corte Real, em autos civis de justificação a que procedeu em 1804, provou que fora encarregue de fiscalisar a obra de reconstrucção da ponte de Lagos de que era inspector o capitão Guilherme Coelho Ferreira.
Tres arcos d’esta ponte foram destruídos pelas cheias a 24 de Novembro de 1805 e a câmara, em sessão do mesmo dia, estabeleceu uma barca para passagem de pessoas e cavalgaduras, e representou ao príncipe regente, pedindo que ordenasse a recosntrucção dos referidos arcos. Repetiu a Câmara as representações, e na ultima, que foi a 4 d’agosto do mesmo anno, allegava o muito que gastara no desentulho, a necessidade de mandar reconstruir o cães e a de continuar a edificação dos paços do concelho, e pediu que, para a primeira e mais urgente obra – a ponte, e dpois para o cães e relógio lhes fossem concedidas as sisas e depósitos de bens e raiz, prontificando-se o termo de Lagos a garantir a totalidade do património real. Consta da acta da sessão da câmara de 17 d’outubro de 1806 que esta representação foi attendida, e da acta de 8 d’agosto de 1807 que o concerto estava a terminar. D’este concerto resultou ficar a ponte com 12 arcos, quando anteriormente tivera 13. A câmara de Lagos, no dia 26 de Maio de 1840, representou ás cortes, expondo o mau estado da ponte e pediu a sua reparação. A 17 de Novembro de 1855 abriu a câmara uma subscripção entre os proprietários para com o producto d’ella mandar reparar a dita ponte.
PAULO ROCHA, Manuel João - "Monografia de Lagos" – Algarve em Foco Editora, Faro, 1991 (págs. 445-447)
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